Semana passada fui jantar com minha esposa no Neiwa Sushi, em Santo André (SP). É sempre um lugar excelente, com ótimo atendimento, sashimis cortados na espessura correta e salmão grelhado macio e gorduroso, como deve ser. È aí que está o ômega 3.
Como sempre, pedimos um bule de chá verde. Independente da temperatura do dia, sempre pedimos chá quente, coisa de oriental. A surpresa veio na hora da conta: R$ 7,00 por um bulinho de chá que mal deu dois copos. É difícil acreditar em um valor desses para meia colher rasa de sobremesa de erva seca e um pouco de água quente. Por R$ 7,00 pode-se comprar um pacote de 200g de chá que faz uns 40 litros da bebida, sem problemas. Se você ainda não atinou com o disparate da cobrança, pense na seguinte situação:
Você vai em um bar e pede um copo de água da torneira. O garçom lhe traz a bebida.
– Aqui está.
– Muito obrigado. O dia hoje está muito quente.
– Realmente. Sua conta, senhor: R$ 3,00.
Compreende? Você pagaria R$ 3,00 por um copo de água da torneira? È mais ou menos esse o problema. Um refrigerante em lata, com todos os seus processos industriais, impostos e o recipiente de alumínio, custava R$ 4,80 no mesmo restaurante.
O Neiwa não é uma exceção, infelizmente. O preço do chá quente tem disparado nos restaurantes japoneses. Mas isso não aconteceu da noite para o dia. O chá era, muitas vezes, servido como cortesia (ainda acontece em restaurantes chineses de verdade no bairro da Liberdade). Mas com o passar do tempo, as pessoas descobriram que ele tinha várias propriedades medicinais e o chá oriental caiu no gosto do público. Seu preço começou a aumentar nos restaurantes japoneses, pois virou “cult”. Agora é “chique” tomar chá e tudo o que é “chique” custa caro.
E, diga-se de passagem, a maioria do chá servido nos restaurantes japoneses mais populares é horrível. Coloca-se muita erva e o chá adquire uma coloração escura e um gosto ruim, muito amargo. O chá oriental deve ser amarelo claro, aromático e de paladar suavemente adstringente. Mas parece que a sutileza culinária da cozinha oriental não chegou às bebidas. Investe-se muito no sushiman e depois colocam qualquer um para fazer chá. O que se serve normalmente tem cor de gasolina, um gosto quase tão ruim e ainda custa muito mais caro que o combustível!
O chá do Neiwa estava no ponto certo, mas no valor errado. Os restaurantes poderiam fazer um preço mais justo, pelo menos no chá que é mais água que outra coisa e é “feito em casa”. Um bule deve custar menos de R$ 5,00, para ser honesto. Façam o mesmo preço de um refrigerante em lata, ora! Ainda vão ter um lucro imenso.
ATUALIZAÇÃO: Estive no mesmo restaurante cerca de um mês depois deste post e o bule de chá havia subido para R$ 10,00. Foi a última vez que coloquei os pés naquele lugar. Existem outros restaurantes muito melhores no ABC que o Neiwa e que não exploram os fregueses.
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