quarta-feira, 13 de junho de 2012

"Caso Yoki": Jornalismo de 5ª Categoria e Mais uma Discriminação da Folha contra Orientais



O que está bombando nos noticiários atualmente é o caso escabroso do assassinato do empresário Marcos Kitano Matsunaga, morto e esquartejado pela mulher, Elize. Um crime bárbaro que merece a capa dos noticiários mas que esbarra no péssimo jornalismo brasileiro.

O caso foi chamado pela imprensa tupiniquim de "Caso Yoki", quando na verdade "Yoki" era a empresa da qual Marcos era herdeiro, ou seja, nada tinha a ver com o caso em questão. Poder-se-ia chamar este de "Caso Kitano" por ser um dos nomes da vítima, ou melhor ainda "Caso Matsunaga", seu sobrenome. Na última situação os jornalistas semi-analfabetos teriam dificuldade em escrever ou pronunciar o nome, então optaram pelo termo mais curto e simples que acharam, mesmo sem relação com o caso. Mostra cabal do baixo nível do jornalismo brasileiro.

Isso também demonstra que em termos de cultura oriental eles são um zero a esquerda, pois "Yoki", "Kitano", "Matsunaga", "Samsung", "Samurai" ou "Sushi" é tudo a mesma coisa para os doutos jornalistas. E ainda querem exigir diploma de nível superior, veja só. Eis um bom exemplo do nível do jornalismo diplomado.

Essa confusão chegou ao povão, que muitas vezes está se referindo à vítima como "Yoki", achando que esse era seu nome. Um jornalismo que confunde ao invés de informar seria exceção e motivo de vergonha em qualquer lugar civilizado. Aqui, é o normal do dia a dia.

Será que se a vítima trabalhasse na Nestlé esse seria o "Caso Nestlé"? Com certeza não. O jornalista Pimenta Neves, então no jornal O Estado de São Paulo, assassinou brutalmente sua namorada e o caso não ficou conhecido como "Caso Estadão". Parece que o problema é mesmo com a cultura oriental.

Há alguns meses postei um texto aqui falando sobre a discriminação contra orientais que corria solto nos comentários da Folha Online, com o beneplácito da publicação. Com o surgimento deste caso envolvendo um descendente de japoneses, vemos novamente que a Folha não tem qualquer tipo de pudor ao lidar com discriminação contra orientais. Vemos nos comentários coisas como "japa tarado" para se referir à vítima, em um espaço no qual a palavra "negro" é censurada. Não se poderia, em hipótese alguma, usar o termo "negão tarado", mas "japa" é aceito normalmente. Sobre esse espaço pseudodemocrático de comentários mantido pela Folha Online, cabe acrescentar que meu perfil foi bloqueado sem que eu tenha infringido qualquer tipo de regra de utilização. Não posso mais comentar qualquer notícia da publicação. O bloqueio de perfis sequer é mencionado nos Termos e condições de uso - Comentários, que tem como única prerrogativa tirar do ar posts que violem esses termos. Não fui informado do motivo do bloqueio, ele não consta de meu perfil e não respondem aos vários e-mails que enviei. Portanto, além de arbitrária, é uma atitude covarde. Quem diria que esse jornaleco um dia lutou pela democracia e teve sua sede invadida pelas tropas da ditadura...

E vejam que uma das coisas que o comentarista NÃO pode fazer é:

publicar, postar, carregar, distribuir ou divulgar quaisquer tópicos, nomes, materiais ou informações que incentivem a discriminação, ódio ou violência com relação a uma pessoa ou a um grupo devido à sua raça, religião ou nacionalidade.

Essa parte deveria ter uma ressalva: "Exceto ao tratar-se de orientais". 

Para finalizar, observem como anda a moralidade do povo brasileiro. Existe um monte de gente na internet insultando a vítima porque ele era "promíscuo" e usava garotas de programa. Muitos acham que foi bem feito o que aconteceu com ele e que ele "humilhava" a mulher por ter sido prostituta (vamos parar com eufemismos como "garota de programa" ou "acompanhante"). Vejamos: ele foi morto friamente e sem possibilidade de defesa; a mulher arrastou o corpo para o banheiro e esperou 10 horas para que o sangue coagulasse, a fim de não sujar o lugar; passou 4 horas esquartejando o marido; levou os pedaços para serem desovados em lugares ermos; depois de tudo isso foi a uma loja Louis Vuitton comprar uma bolsa nova.

E ainda existe quem defenda essa mulher. Será que ainda temos jeito?



Um comentário:

  1. É... como oriental eu sei bem como é isso. Racismo embutido no jornalismo, em algumas novelas e na publicidade, mídia no geral. Tome-se como exemplo a propaganda da Sadia https://www.youtube.com/watch?v=J4Vho7PYjkI. Eu, como mulher e oriental achei totalmente preconceituoso. E é incrível que quem faz isso tem "nível superior" e muitas pessoas falam que "ah o povo é muito sério, não é nada" é... não é nada para quem sempre pôde andar na rua sem ser chamado de "japinha".

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