Desacreditando as medicinas naturais
Foi realmente horrível terminar o domingo com uma matéria tão absurda e mentirosa quanto o novo quadro do Fantástico "É bom pra quê?". Respeito profundamente o Dr. Dráuzio Varella e seu trabalho, mas não é admissível uma matéria tão manipulada e tendenciosa quanto esta, cujo único objetivo é desinformar e confundir o telespectador, propagando a idéia errônea de que “só a medicina moderna salva”. Essa história de que a medicina ocidental moderna é a panacéia para todos os males e o resto é só superstição, volta e meia vem à tona. Se a ciência médica moderna curasse todos os males de modo eficaz e simples, não haveria “medicina alternativa”. As pessoas tomam chás justamente em virtude da ineficiência da medicina alopática moderna.
O foco de ataque principal da matéria, além dos tratamentos alternativos em geral, pareceu ser o Hospital de Medicina Alternativa de Goiás, único no Brasil a se dedicar unicamente às terapias alternativas. Um risco para vários interesses corporativos.
É óbvio que qualquer coisa pode ser perigosa à saúde, até água. Mas os “perigos” dos chás nem de longe se igualam aos perigos dos medicamentos químicos mal testados, ineficientes, perigosos (preciso citar a relação de medicamentos recolhidos todos os anos?) e muitas vezes mal receitados.
O doutor Juang Horng Jyh efetuou uma pesquisa com médicos brasileiros, para sua tese de doutorado na UNESP, que mostrou que 60% deles afirmou que na faculdade não tiveram aulas específicas para aprender a receitar um medicamento. E mais: 27% dos entrevistados se atualizam com a ajuda de vendedores dos laboratórios. E 73% admitiram que já receitaram remédios sem conhecer bem a composição deles. Ainda acham que o perigo está no chá da vovó?
Foi dito na matéria, sobre as práticas antigas, que “…mas enquanto a medicina era feita dessa maneira, epidemias matavam populações inteiras; éramos incapazes de impedir a progressão das doenças, ou mesmo de aliviar a dor. As pessoas morriam cedo e sofriam mais”.
Mentira. Pura propaganda. Epidemias estão historicamente relacionadas com saneamento básico e higiene e não com medicina. A cólera é um exemplo de doença que matou incontáveis milhões de pessoas e é causada apenas por falta de saneamento. Epidemias são combatidas com prevenção e não somente com cuidados médicos. Muitas doenças eram combatidas com medicinas antigas, especialmente as sofisticadas medicinas indiana e chinesa. As pessoas não estavam entregues à própria sorte, como parece afirmar a matéria. Sobre alívio da dor, indianos e chineses já utilizavam analgésicos enquanto a Europa pensava no que fazer com o Império Romano. Se acreditam que as pessoas antigamente sofriam mais, deveriam visitar as filas do SUS nos hospitais públicos brasileiros. A medicina moderna é maravilhosa para quem corre para um Sírio-Libanês ou Albert Einstein sempre que tem uma unha encravada.
Mas vamos nos concentrar nesta afirmação: “A milenar medicina chinesa era tão precária que, até o início do século passado, os chineses viviam, em média, pouco mais de 30 anos”.
Isso é um desrespeito para com uma medicina que se mostra cada vez mais atual, com testes e estudos científicos realizados em todo o mundo. Uma expectativa de vida mais alta se deve prioritariamente a fatores como facilidade de abrigo, fornecimento de alimentação, saneamento e higiene, mecanização do trabalho e ausência de conflitos armados. Não é a eficácia da medicina que delimita a expectativa de vida. Um declínio da mortalidade e aumento na expectativa de vida ocorreu na Europa a partir do século XVII, sendo que até meados do século XIX a Inglaterra viu a expectativa de vida saltar de 33 anos para acima dos 40. ANTES do advento da “maravilhosa” medicina moderna. Mesmo assim, segundo a OMS, a expectativa de vida mundial na virada do século XX era de 31 anos, logo a China não estava fora desse modelo. Os sofisticados europeus mal passavam dos 40 anos.
Apesar da “droga milagrosa”, penicilina e antibióticos, as infecções prosseguem e muitas bactérias se tornaram resistentes ou mesmo imunes a esses medicamentos. Deve-se ter em mente ainda que a ANVISA se mostrou preocupada, recentemente, com o excesso de prescrição destes medicamentos por médicos. Sim, por médicos.
Os chineses possuíam muitas fórmulas para isso, mas se enquadraria na “medicina precária” da China, não? Fórmulas com ervas para combater infecções existem desde a Dinastia Han (século II) e ainda são utilizadas, com sucesso.
O Hospital de Ditan, em Beijing, especializado em doenças infecto-contagiosas, desenvolveu este ano um composto de ervas para prevenir e combater a gripe suína. O tratamento com a fitoterapia chinesa se mostrou muito mais rápido e seguro e com um custo de 25% do tratamento alopático. Todas as pessoas que se submeteram ao teste foram curadas da gripe rapidamente e sem efeitos colaterais.
O Dr. Varella ainda perguntou ao Presidente do Conselho Federal de Medicina como ele via esses tratamentos com plantas. Deve ser piada. Não são os fornecedores de ervas que custeiam os maravilhosos seminários médicos, ou pagam viagens, ou refeições. Nem são quem patrocinam eventos e publicações médicas.
Na verdade, a fala do ilustre presidente serve exatamente para definir a medicina moderna, especialmente no Brasil: “Isso me parece muito mais um remendo, que transforma aquilo que deveria ser de qualidade num arremedo de um tratamento. As pessoas estão enganadas. As pessoas estão recebendo algo que não é o melhor.“
A verdade, mesmo, é que 80 a 90% das pessoas que adentram um consultório de terapia alternativa JÁ PASSOU por médicos, com seus exames e tratamentos maravilhosos. Não é incomum encontrar pessoas com 5Kg de exames ultra-modernos e laudos de uma dúzia de médicos, sem ter encontrado solução para seus problemas e, muitas vezes, sem nem ao menos um diagnóstico adequado. Por que será que as pessoas tomam chá?
Uma repórter ainda visitou vários postos de atendimento médico para um exame de seu pulso (cisto sinovial). Uma denúncia das longas filas de espera, atendimento mal feito, diagnósticos e prescrições erradas? Não, foi apenas para mostrar que a eficácia do tratamento alternativo se deve mais ao “efeito placebo”, causado pelo apoio humano do terapeuta alternativo em uma consulta de 40 minutos (e não de 1,5 minuto como no caso dos médicos). Uma clara demonstração de manipulação dos fatos para comprovar o que se deseja. Jornalismo de quinta categoria.
Ainda se utilizou casos extremos, de pacientes que tomaram chás para câncer, com grande ênfase. Será que pacientes que vão a um consultório médico do SUS saem com exames diagnosticando corretamente um câncer? Será que não se descobre a doença tarde demais? Será que médicos que não conseguem diagnosticar um cisto sinovial poderiam descobrir um tumor no fígado?
A aparência deste material veiculado no domingo é de matéria vendida segundo interesses alheios. As críticas ao sistema médico foram veladas e diluídas nas críticas ferozes aos tratamentos naturais. Não se pode conceber um material jornalístico sério que tenha como objetivo unicamente direcionar a opinião do telespectador. Informar não é conduzir.
Espero, sinceramente, que as próximas edições tenham um conteúdo mais informativo e imparcial, embora já tenha sido anunciado que o objetivo da série é mostrar que as ervas devem ser utilizadas apenas quando há evidências científicas. O que não se diz é que, nesses casos, as pessoas comuns ficam proibidas de indicar os produtos, que devem ser prescritos apenas por médicos e produzidos em farmácias. De volta aos “interesses ocultos” por trás do material.
Divulgado em http://blog.tudosobreplantas.com.br/index.php/2010/08/31/em-defesa-da-medicina-chinesa/
ResponderExcluirRealmente a terapia alternativa é maravilhosa. Eu mesmo não reconhecia seu poder.
ResponderExcluirMuitos pacientes procuram ajuda médica com queixas não contempladas ou não valorizadas pela medicina ocidental. Para muitos de meus pacientes eu passei a indicar essas terapias e obtive bons resultados.
Creio que no futuro essa divisão de medicinas (ocidental x alternativa) vai cair. A medicina ocidental é muito pragmática e tudo que funciona acaba sendo incorporado. Só vejo dois poréns:
1- A medicina ocidental só aceita o que de certo modo respeita suas regras (o que, aliás, eu acho certo): plausabilidade biológica, segurança e evidência estatística. Isso de forma alguma vai contra a medicina oriental, embora muitos de meus amigos não concordem. Eu acho só que devemos estudar (cientificamente) as terapias alternativas.
2- É possível que não se invista nessas terapias pela falta de retorno financeiro. Além disso, muitas terapias não podem ser medidas em número, e seu benefício só pode ser medido qualitativamente. Isso também abre espaço para muito charlatanismo e lucro de clínicas.
Alan
Ótimo artigo. É um absurdo o que a MÁFIA da medicina é capaz de dizer ao público. O mundo precisa de pessoas como você, Gilberto, capazes de desmascarar esses bandidos.Parabéns!
ResponderExcluirTe convido a conhecer meu blog - www.tiantaobh.blogspot.com e também quero te enviar um informativo sobre cultura oriental que estou lançando.
Muito bem, eu mesmo como téc em acupuntura fiz um tratamento em uma senhora que tinha uma dor atrás da cabeça e se tratava com médicos a 28 anos. andava com analgésico na bolsa o tempo todo. Diagnóstico dos vários médicos depois de vários exames e medicamentos? "Só estresse mesmo senhora". Até sabiam o que era, mas origem e tratar que é bom nada. 5 sessões de acupuntura e pronto, só manter exercícios de Yoga.
ResponderExcluirMaravilhosa sua colocacão, irei colocar um link em meu blog para que mais pessoas tenham acesso a seu texto. Abraços, Analyce (www.fenixdejade.blogspot.com)
ResponderExcluirConcordo com a critica apresentada.Alguns anos atrás encontrávamos tintura de arnica em qualquer farmácia.Era indicada para traumas,manchas roxa e realmente funcionava.Hoje é supostamente considerada tóxica e só encontramos para uso externo,nas farmácias comuns.Como um medicamento tão barato como a tintura de arnica podia curar?Realmente existem interesses comerciais que preferem manipular a opinião pública.
ResponderExcluirTudo o que a mídia quer é embotar as nossas mentes, como parece ser o caso desta reportagem.
ResponderExcluirA indústria da doença é bem poderosa, e cabe a cada um de nós usar o critério e o bom senso na hora de escolhermos um tratamento adequado à nossa saúde e bem estar integral.
Parabens Gilberto pela postagem desta reportagem absurda! E lamentavel que a maioria das pessoas sofram desta ignorancia em relação a sua saude propria. A Medicina Chinesa esta sendo praticada por mais de 5.000 anos com os mesmos principios e obtendo sempre resultados satisfatorios como me foi possivel provar em um trial clinico que fiz por ocasião da defesa da minha tese de doutorado no Hospital Naval de San Diego, California, U.S. Foi possivel provar que Acupuntura melhora o estado de saude de pacientes com cancer na prostata e com cistite, este estudo que fiz esta sendo publicado nos anais de medicina aqui nos E.U.A. E para nao deixar duvidas em relação a eficacia desta Medicina Oriental outros trials de mesmo valor estão cada vez mais sendo expostos e publicados para o conhecimento publico e das pessoas que buscam outro tipo de tratamento alem da medicina ocidental.
ResponderExcluirGostaria de poder ajudar na divulgação da Medicina Chinesa no Brasil que inclui varias modalidades de tratamento como Acupuntura, ervas, cuppings, eletroestimulacao de pontos nutrição, e mais, pois ela realmente e eficiente quando praticada por profissionais qualificados e treinados pelo sistema correto que inclui, aqui nos Estados Unidos, pelo menos 3.600 horas de treino a nivel de Mestrado, oferecendo ainda a opção de se fazer um doutorado e trabalhar junto com o U.S. Navy em pesquisas. Acho que se eles investiram , acreditam e trabalham com esta mentalidade aberta para a Medicina Chinesa talvez este Senhor Varella deveria deixar de lado suas opiniões antiquadas e ortodoxas e não se deixar comprar pelas industrias farmaceuticas que gastam milhões de dolares em garantir seu mercado investindo em favores a muitos medicos ocidentais que se deixam levar pelo caminho mais facil. E provadissimo que mais pessoaas morrem de efeitos colaterais de drogas do que da propria doença em si mesma.
Por favor abram os olhos e se tratem com uma medicina que e mais preventiva do que curativa.
Meus amigos,mesmo no Sírio Libanês os pacientes nâo têm diagnóstico preciso.Meu pai,falecido em1998 com câncer de próstata sentia dores na coluna.O médico Jamil Chad,urologista com especialização em Harvard receitou Cataflan para uma metástase.Esse cidadão atende hoje no Hospital São Cristovão.
ResponderExcluirConcordo com várias coisas que você disse. Inclusive que a medicina alopática é, muitas vezes, intolerante com as terapias alternativas, atendendo a outros interesses. Porém, acho que você demonstrou pela prática dessa medicina, que estudei minha vida inteira e exerço com muito critério, a mesma intolerância. Você foi tão tendencioso quanto a reportagem, só que "puxando" para o outro lado, sendo muitas vezes até grosseiro. O que falta para as medicinas alternativa e alopática é um pouco de respeito uma pela outra, para que possam se comunicar e se complementar, visando, sempre, o bem do paciente.
ResponderExcluirPrezado Paulo.
ResponderExcluirNão creio ter sido "grosseiro". Somos ofendidos e rebaixados todos os dias, numa tentativa constante de humilhação por uma medicina que se acredita "superior" às demais, mas que se mostra extremamente ineficaz contra vários males da humanidade e sujeita a interesses farmacêuticos escusos. Sou tendencioso, sim. Ou você não defende sua área de atuação?
O que fiz foi exatamente o que o título mostra: uma defesa da medicina chinesa, no mesmo tom das ofensas proclamadas pelo seu colega em rede nacional. A medicina ocidental não admite críticas e muitos terapeutas aceitam isso. Mas isso tem que mudar. A medicina é, sim, extremamente falha e isso tem que ser mostrado. Caso contrário não haverá evolução.
Quando se cogita em dar estatinas juntamente com o lanche do fast-food, para "consertar" o problema da gordura ingerida, é hora de por as barbas de molho. E os casos relatados de pessoas com quilos de exames sem um diagnóstico correto ou solução para seu problema é uma realidade corriqueira.
Eu mesmo, como todos os terapeutas que conheço, trabalha juntamente com a medicina ocidental. Cansei de mandar pessoas procurarem especialistas para atender melhor o seu problema. O oposto é que não acontece com a naturalidade que deveria. Tive uma conhecida com câncer terminal. Meu atendimento diminuía suas dores e lhe dava conforto, sem interferir em qualquer tratamento que ela fazia. No entanto, seu médico PROIBIU até mesmo a auriculoterapia. Ela, infelizmente, acreditou em seu médico. A medicina ocidental venceu: ela morreu lentamente e em meio a terríveis dores, quando um tratamento alternativo teria minorado seu sofrimento. Tive outro cliente que estava com severa ciatalgia que cessava com meu tratamento, mas que era recorrente. Pedi que ele procurasse outro ortopedista para tentar mais um diagnóstico, já que ele tinha mais de 2Kg de exames já feitos sem sucesso. O médico receitou fisioterapia e PROIBIU a acupuntura auricular, pois iria “interferir” com o tratamento fisioterapêutico. Essa é nossa realidade diária. O bem do paciente é importante para você mas não para a maioria de seus colegas, que preferem ver dor e sofrimento do que aceitar que um "charlatão" possa resolver o problema que eles não conseguiram...
Respeitamos quem merece respeito e existem inúmeros profissionais de alto calibre na medicina, bem como maravilhas tecnológicas. Quando formos tratados com respeito pela medicina ocidental, então poderemos ter um diálogo respeitoso. O programa em questão foi ofensivo e a resposta foi dada na mesma altura e timbre, embora em nenhum momento tenha havido ofensas pessoais. Para finalizar, como não ser tendencioso contra uma área profissional que deseja, através da lei do “Ato Médico”, ter o monopólio de uma palavra da língua portuguesa – “medicina”?
Como não ser tendencioso? Não atacando a "medicina", por exemplo, e jamais tomando a parte pelo todo. Você, que pelo jeito é uma pessoa que estuda bastante, sabe que casos isolados não tem nenhuma validade científica. Por isso, citar os casos de alguns colegas que arbitrariamente proibiram terapias alternativas por orgulho seria o mesmo que eu citar condutas de vários ditos terapeutas alternativos que proibiram a terapia alopática dizendo que os remédios estavam fazendo mal, ocasionando assim, a morte dos pacientes ou a aceleração do processo. Porém, eu sei que essa não é a maioria dos casos, até porque, ao invés de julgar, sempre preferi Me informar, inclusive, durante a faculdade, freqüentava todos os cursos da liga de acupuntura. Sei o valor que uma terapia alternativa pode ter em um tratamento. Existem diversas pesquisas comprovando o valor da acupuntura no tratamento da dor crônica e neuropatias, com nível A de evidência .
ResponderExcluirMas, pense comigo: quando um representante de uma área ligada à saúde ataca outra área de atuação diretamente, ao invés de criticar somente a conduta de alguns profissionais, quem sai perdendo é o paciente, que perde a oportunidade de ser beneficiado por um tratamento multidisciplinar de fato. Quando a vida e o bem estar de um ser humano está em jogo, a última coisa que importa é o nosso orgulho, e as diferenças devem ser colocadas de lado a fim de que se trabalhe com seriedade. Essa guerra somente traz malefícios, e ser esse tipo de guerreiro não constitui uma luta nobre.
Lembre-se: quando você ataca um inimigo com as mesmas armas, você não esta sendo pior do que ele, mas também não esta sendo melhor, e ser igual, quando se pode ser superior, não é um bom negócio.
Sempre que for generalizar críticas, lembre-se de mim e do que eu penso sobre as terapias alternativas, e saiba que não sou o único. A maioria dos meus colegas concorda comigo, e a minha geração de médicos é muito diferente das anteriores.
Acima de tudo, respeito sua opinião, mesmo não concordando.
Olá, Paulo.
ResponderExcluirAgradeço seus comentários, que muito enriquecem essa discussão e também expandem minha compreensão. Espero que possa esclarecer melhor a minha posição.
Sinto que você esteja se sentindo atacado. O objetivo não é criticar “médicos”, mas a “medicina” em si. Conheço muitos médicos excelentes, de mente aberta, e tive vários colegas médicos quando estudei acupuntura. Mas a “medicina” pensa com a cabeça de seus dirigentes. O que os conselhos dizem, é por onde a medicina anda.
Casos isolados não tem validade científica, mas a validade científica é meramente estatística. Quando você vê mais de um caso assim aparecer todo dia, tanto com você quanto com os colegas que conhece, você começa a notar uma tendência, que é a mãe da estatística. No artigo citei dados com validade científica para apoiar o que penso, inclusive com estudos de colegas seus.
A Acupuntura possui evidências científicas, mas você apoiaria abertamente que acupuntores não-médicos trabalhassem no SUS? Esse é o problema. O que dizem os dirigentes de sua classe, dos conselhos profissionais, que representam a “medicina” como um todo? Se você e mais 5.000 colegas concordam com isso, fico feliz. Mas a “medicina” é contra. Entenda, quando generalizamos estamos tratando com as opiniões oficiais. A sua opinião e de vários colegas é importante, mas são casos isolados. Vocês seguem o que os conselhos determinam. Por mais que sua opinião seja outra, você não iria contra as determinações do Conselho.
Você pode procurar as escolas tradicionais de acupuntura (lecionei em uma das mais conceituadas), os sindicatos de terapeutas e as associações voltadas à área e não vai encontrar nenhuma que se recuse a trabalhar com médicos ou a direcionar as pessoas para a medicina ocidental. Trabalhamos sempre em conjunto. Mas lutamos há anos, com imenso desgaste, para impedir que a classe médica (por meio de suas lideranças) aprove leis no Congresso que restrinjam as práticas alternativas e criem um monopólio da Acupuntura para médicos. Poderia citar diversos projetos de lei neste sentido, inclusive o atual PL nº 7.703/2006, cuja redação levanta diversas dúvidas sobre o futuro das terapias alternativas.
Nós, pobres terapeutas, não temos as mesmas armas para lutar. Não se preocupe. Não temos acesso aos milhões de reais despejados na área médica pelas farmacêuticas, nem temos o apoio de veículos como a revista Veja (abertamente contra as terapias alternativas). “Ser superior” é utopia. Se falarem para as pessoas comuns que o que você faz não só não funciona como pode pô-las em risco, uma resposta à altura deve ser dada. Durante muito tempo os terapeutas se curvaram, com medo dos médicos. Em épocas passadas houve até prisões. Sempre que UM único médico diz na televisão que é perigoso fazer acupuntura com um não-médico, diminui o número de consultas nos dias seguintes e aumenta o número de cancelamentos. Isso é um fato, verificável em todos os consultórios. Vamos ser “superiores”, nos calando e sendo taxados de “charlatões” que colocam as vidas das pessoas em risco? Claro que não. O que você chama de "ataque" eu chamo de "expor os problemas", coisa que os próprios médicos deveriam estar fazendo. Criticar não é "atacar", mas a medicina como um todo não admite críticas.
Paulo, faço votos para que realmente essa nova geração de médicos mude as coisas. Gostaria de pedir a você, abertamente, que escreva um artigo defendendo uma postura mais aberta e cooperativa entre médicos e terapeutas alternativos, do ponto de vista de um médico. Posso publicá-la no próximo número de minha revista Saúde & Longevidade. Se você e sua geração pensam diferente das lideranças que estão aí representando a “medicina”, é hora de exporem suas idéias.
Olá
ResponderExcluirPelo que sei um médico chines, passa anos dentro da faculdade de medicina chinesa tal como no ocidente, faz residencia, tem aulas intensivas de anaminese para entender a personalidade do paciente, suas queixas, seu aspecto emocional, físico e mental, coloração da pele, unhas, língua. Eles conferem a pulsação em ambos os pulsos, são pelo menos 8 pontos diferentes de cada um dos pulsos que eles tocam e avaliam e isso faz parte de qualquer exame clínico!
O estudante de medicina passa anos estudando as plantas e as interações de umas com as outras, quais se potencializam quais se anulam. As dosagens, a coleta, o armazenamento. E acupuntura também é uma das suas matérias! Depois vem a especialização em ervas ou acupuntura. Não me lembro bem, mas parece que estudam por 10 anos, antes de clinicarem sozinhos.