Mais uma polêmica sobre a combalida cruz gamada apareceu hoje na Folha Online: “Venda de moedas com marca nazista causa reações”. Tudo porque “descobriram” que o Mercado Livre possuía moedas com a suástica sendo comercializadas. Isso ocorre há muitos anos, mas parece que alguém viu isso recentemente e não gostou. Tem todo direito de não gostar, mas daí a tentar impedir uma simples venda de material histórico, é outro problema. O caso está sendo levado à Delegacia Contra Intolerância e Crimes Raciais de São Paulo pela Federação Israelita de São Paulo.
Segundo a notícia, o vice-presidente da Federação Israelita de São Paulo, Ricardo Berkiensztat, disse que o departamento jurídico da entidade irá analisar o caso. "Vamos fazer uma consulta para ver, porque no Brasil a propaganda de símbolos nazistas é proibida, mas tem uma questão de acervo histórico."
Essa observação está equivocada, pois a LEI Nº 7.716, de 5 de Janeiro de 1989, que instituiu os crimes de preconceito, é taxativa na proibição:
“Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
Como se pode ver, a cruz gamada só é proibida para fins de divulgação do nazismo. O que não ocorre na simples venda de material histórico. O nazismo existiu e deve ser estudado a fundo. Só a sua compreensão pode mostrar os mecanismos que permitiram sua existência e as ferramentas para impedir que isso se repita.
Nem deve ser vedada a exibição da cruz gamada dentro da esfera cultural do Oriente ou mesmo em sua conotação religiosa, como a imagem que postei aqui. Ou será que Buda era nazista?
Existe um indevido e perigoso patrulhamento ideológico contra a suástica. Isso incorre em dois erros graves:
1- Por pior que seja a conotação da suástica no Ocidente, esse símbolo (que é diferente da suástica nazista) é milenar, utilizado pelo Hinduísmo e pelo Budismo.
2- Tolerância religiosa vale para todos. Não se pode discriminar o Judaísmo e nem se pode discriminar o Hinduísmo e o Budismo. Se esse símbolo é utilizado por essas religiões, deve ser respeitado.
Vi especialistas argumentando que, como a conotação da cruz é ruim no Ocidente, não importa a sua existência milenar – deve ser abolido. Isso mostra uma clara falta de perspectiva histórica e a velha atitude eurocêntrica.
A arte marcial japonesa do Shorinji Kempo, baseado no budismo, tem como símbolo a suástica – mas só no Japão. Eles tiveram que alterar o simbolismo milenar para a arte se difundir no Ocidente. Isso é correto? Renunciar às suas raízes culturais por preconceito de meia dúzia? Acho que essa é uma questão que deva ser discutida pela sociedade. Até no programa “Big Brother” isso deu problema. No BBB10, quando o candidato Dourado (praticante de Shorinji Kempo) mostrou uma tatuagem de um samurai com a suástica na barra do hakamá , gerou enorme polêmica. Uma polêmica imbecil e desnecessária, pois simbolizava o Budismo.
A cultura oriental merece respeito.
Exatamente
ResponderExcluirSuástica não é sovastica. O brasileiro em geral é sim preconceituoso e ignorante.
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