Tábua feita por ancestrais de moradores salvou a vila de Aneyoshi durante o tsunami
Uma centenária placa feita de pedra e talhada com instruções salvou uma vila inteira da destruição durante o tsunami que devastou parte do Japão, no mês passado. Segundo o jornal "New York Times", nenhuma das 11 casas de Aneyoshi, pequeno vilarejo localizado próximo à costa, no nordeste do país, foi atingida.
Segundo o líder local Tamishige Kimura, um pescador de 64 anos, a tábua de pedra foi talhada há mais de cem anos por ancestrais que sabiam tudo sobre o poder de devastação de um tsunami. "Eles conheciam o horror dos tsunamis e escrever a placa para nos alertar", conta.
Mais de cem placas como a de Aneyoshi estão espalhadas pela costa do Japão. Algumas tem mais de 600 anos. No entanto, muita gente parece não obedecer as recomendações dos ancestrais, que escreveram orientações de onde construir as casas e do alcance das ondas em caso de tsunami, em uma época em que a tecnologia estava longe de detectar terremotos.
"As pedras de tsunami são avisos que atravessam gerações. Elas tentam evitar que os descendentes passem pelo mesmo sofrimento de seus ancestrais", diz Itoko Kitahara, especialista em história dos desastres naturais pela Universidade de Kyoto.
Em Aneyoshi, a pedra diz que "casas construídas no alto asseguram a paz e a felicidade aos nossos descendentes". Para Kimura, os ensinamentos são "uma regra que ninguém na cidade ousa quebrar."
Kimura conta que os moradores da vila construíram suas casas em um local alto após o tsunami de 1896 que deixou apenas dois sobreviventes na região. Aneyoshi foi repovoada e voltou a ter residências próximas ao mar. No entanto, outro tsunami, desta vez em 1933, destruiu tudo novamente.
De acordo com o pescador, ninguém na vila sabe quando a tábua foi escrita. Além de ter salvo a vida de todos durante o tsunami do mês passado, a placa também foi útil no tsunami que atingiu a região em 1960.
No mês passado, uma família que visitava a cidade vizinha morreu porque a mãe, que buscava os filhos na escola, dirigia em uma região muito baixa. Por isso, os moradores de Aneyoshi afirmam que não dá para apenas confiar na pedra e que os moradores precisam de mais orientação.
Fonte: UOL notícias
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