segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sejamos razoáveis!



Ao longo de mais de três décadas dedicadas à divulgação da cultura oriental, seu estudo e prática, me deparei com várias pessoas que não podiam compreender nem o menor fragmento do pensamento oriental. Existem diferenças entre o modo de pensar oriental e o ocidental, coisa que muitas vezes foge ao nosso entendimento. Essas diferenças, por menores que sejam, podem comprometer nossa compreensão de conhecimentos importantes.
Lin Yutang, filósofo chinês contemporâneo, escreveu algo muito interessante sobre uma característica chinesa que só os que estudam sua cultura com mais profundidade percebem: o ato de ser razoável. Segundo ele, é uma das características mais marcantes do povo chinês.
De acordo com essa idéia, quando alguma informação chega até nós devemos pesar se ela é "razoável" para ser aceita. Se alguém me diz que pode comer 5 cachorros-quentes seguidos, aceito a afirmativa pois a considero "razoável". Não é algo que fosse extremamente fora do comum. Se, ao contrário, me afirma que pode comer 50, bem, aí preciso ser convencido. Esse método de pensar parece fácil, mas requer uma qualidade que está em declínio hoje em dia: o bom senso.
A mentalidade ocidental muitas vezes exige "provas" e "provas" de tudo o que afirmamos. Um pouco de bom senso, do que Yutang chamava de "ser razoável", poderia simplificar bastante nossa vida. Não sou um escritor acadêmico, mas apenas um divulgador de informações. Já fui muito criticado por não fornecer as intermináveis listas de referências bibliográficas em cada um de meus textos. Disseram que meus textos eram baseados apenas em minhas experiências. Ora, o que tem de mais nisso? Se a informação for útil a você, fique com ela e aproveite. Se não for, descarte-a. Se tem dúvidas, experimente-a você mesmo. Nenhuma referência remota pode sobrepujar a sua própria experiência direta. De qualquer modo, se alguma coisa lhe pareceu interessante ou equivocada, basta uma pesquisa rápida no Google para descobrir tudo sobre o assunto. Nem sempre se necessita de um referencial nesta era da internet.
Deveríamos manter essa idéia de bom senso em tudo o que fazemos. Muitas vezes não precisamos de que outra pessoa prove o que diz ou mostre que muitas outras pessoas concordam com ela. Apenas sinta seu interior e veja se parece razoável. Se for, aceite e use a informação com sabedoria. 
Um mundo mais razoável teria menos guerras e menos incompreensões simplesmente porque seríamos menos desconfiados. Ser razoável diminui o estresse e melhora a saúde e o bem-estar. Acha que estou exagerando? Pense bem sobre isso e veja se não é razoável.

2 comentários:

  1. "Disseram que meus textos eram baseados apenas em minhas experiências. "
    Não acho que tenha nada de errado nisso ai, ora, afinal o que não passa pelas nossas experiências que nós criamos ou reproduzimos.

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  2. Olá Gilberto, este parece ser o desafio de todo ser humano que atenta para as singularidades, valorizando-as tanto quanto as generalizações. Mais compreensão empática nesse mundo facilitaria muito nossas vidas...
    Gostei muito do seu blog e tenho lido seus posts antigos com calma através do do 'reader'.
    Um abraço!

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